Mayara Mendes
Primeira mesa do segundo dia do Controversas teve como tema a democratização da informação/Foto: Bianca Rangel |
"O Caminhos da Reportagem era uma espécie de documentário para televisão. Buscávamos fazer coisas diferentes dos programas tradicionais. Não abordávamos só dieta, bicho, bicho, dieta." A fala da palestrante Vivian Carneiro, ex-produtora da TV Brasil, resume a pluralidade defendida a todo momento pelas palestrantes em Caminhos para a democratização da informação, primeira mesa do segundo dia do Controversas. Formada integralmente por ex-alunas da UFF, a mesa contou também com a presença de Sheila Jacob, do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), e Raquel Júnia, repórter da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A mediação foi da professora da UFF Sylvia Moretzsohn.
Vivian Carneiro frisou a importância de bons equipamentos para a conquista do público/Foto: Bianca Rangel |
“Quem trabalha com TV pública tem dificuldades no dia-a-dia. Os equipamentos nunca são de ponta. Com a internet, é difícil conquistar o público sem apresentar qualidade técnica. Deve-se pensar em equipamentos de qualidade, isso é um caminho para a audiência”, assegurou.
Em sua apresentação, Sheila Jacob lembrou do papel das mídias comunitárias/Foto: Bianca Rangel |
Quem também falou sobre as manifestações dos professores foi Arthur Willian, integrante do Conselho Diretor do Coletivo Intervozes. Apesar de não conseguir estar presente, ele enviou um vídeo exibido no Controversas. Arthur mostrou a constante participação, com celulares e câmeras, de quem acompanhava de muito perto os acontecimentos. “Comunicar é uma tarefa de todos nós, só assim podemos conseguir nossas vitórias”, afirmou.
A participação de Raquel Júnia no Controversas coincidiu com o fim da greve de 15 dias da EBC. Repórter da instituição, ela contou os desafios enfrentados e as reivindicações em pauta. “A EBC nasceu para ser uma empresa pública de comunicação, para competir inclusive com as outras mídias e equilibrar essa balança entre comunicação alternativa e tradicional, que é completamente desequilibrada. No entanto, a empresa ainda não cumpre este papel. Durante esta greve nós pudemos formular o que a gente acredita que deve ser a comunicação pública.”
Raquel Júnia falou sobre os sonhos da equipe da EBC, entre eles melhores condições de competir e respeito com os trabalhadores/Foto: Bianca Rangel |
Raquel contou que os funcionários fizeram uma árvore de sonhos da comunicação pública, assim como na EBC de São Paulo. Entre os sonhos motivadores da greve estão uma comunicação com condições técnicas de competir com outras emissoras, relações de trabalho saudáveis, respeito com os trabalhadores, espaços para democracia interna, além de uma comunicação diversa e regionalizada. “Isso não é nada novo, está na lei de criação da EBC”.
Raquel apontou ainda o incentivo às mídias alternativas nas faculdades de Comunicação como uma boa maneira de fomentar o estabelecimento desses veículos. A jornalista está vinculada ao Fazendo Media, publicação que surgiu na UFF com o Diretório Acadêmico de Comunicação. “O Fazendo Media surgiu a partir da reflexão dos professores aqui do Iacs, que nos provocavam sempre a pensar a mídia comercial, pensar quais eram as lacunas e que atores estavam invisibilizados.”
Da universidade ao mercado de trabalho, os sonhos da árvore de Raquel Júnia e das demais palestrantes ilustram a busca de um novo cenário da mídia brasileira.
0 comentários: