segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Mesa discute necessidade de adaptação das mídias tradicionais


Postado As:  18:46  |  Em:  

Nelson Lima Neto

A postura da grande imprensa diante das novas mídias foi o tema da segunda mesa do Controversas/Foto: Bianca Rangel
Meios públicos e comunitários, agências e redações com financiamentos coletivos e até mesmo redes sociais surgem, nos últimos anos, como opções de fonte de informação qualificada frente às grandes mídias. O resultado dessa multiplicação é a queda das receitas dos grandes conglomerados de comunicação. Diante deste cenário, o Controversas Mídias Alternativas formou a mesa O mercado tradicional diante da proliferação de vozes. Na bancada, os jornalistas Nelson Vasconcellos, editor-executivo de O Dia, e João Batista de Abreu, com passagens pelas maiores redações do país e, atualmente, professor da UFF, discutiram o tema no segundo dia do Controversas. 

Sob a mediação da professora e chefe do Departamento de Comunicação Social da UFF Ana Baumworcel, os jornalistas concordaram é urgente uma adaptação no processo de produção e no negócio das grandes empresas. Para Nelson Vasconcellos, a grande mídia precisa ser repensada: 
Nelson Vasconcellos falou sobre a opções de mercado
fora da mídia tradicional/Foto: Bianca Rangel

“Essa história de grande mídia impressa, ou de outra plataforma, não pode ser mais vista desta forma. Mesmo trabalhando em uma grande empresa, não vejo este caminho como o principal para os que estudam jornalismo atualmente. Existem outras formas de alcançar sucesso na profissão estando atrelada a realização pessoal”, explicou o editor.

João Batista de Abreu apresentou dois aspectos importantes que envolvem os problemas relacionados à grande mídia: o monopólio do mercado e o surgimento das mídias sociais. “Hoje, vemos um grande conglomerado acumular mais de 50% dos ativos em publicidade no país. De R$ 100 investidos em comunicação, R$ 60 vão para o mesmo bolso. Isso é preocupante. Ainda mais com o fato de o investimento diminuir ano a ano”, disse o professor. 

Para João Batista, os novos modos de disseminação da informação também contribuem com a crise. “O jornalista não é mais controlador do fato, que pode ser compartilhado nas redes sociais a qualquer momento. As redes sociais são a chave para o jornalismo do futuro”, indicou o professor do Iacs.

João Batista e Nelson concordam que algo precisa mudar no modo de produção das grandes empresas. Para Nelson, se o jornal foca seus esforços na web, seu impresso nasce antigo. Se o mote volta a ser o papel, um negócio que perde força nos últimos anos, o site terá dificuldades para apresentar competitividade diante da disseminação de vozes. O jornalista acredita que a resposta é investir na notícia: “Atualmente, o jornalismo perde muito para a estatística. Estamos mais interessados em números e rankings. Não contamos mais histórias e a História. Não temos mais tempo para tratar a notícia e melhorá-la. É necessário que isso volte. Hoje, a credibilidade, a qualidade precisam ser os maiores bens das empresas”, concluiu Nelson. 

João Batista vê as redes sociais como a alternativa
para a grande mídia/Foto: Bianca Rangel

“O que faz a democracia no jornalismo é a concorrência”, completou João Batista, tornando a  ressaltar a importância das redes sociais no contexto atual: “Este regime volta a aparecer com a chegada das mídias sociais e as diversas vozes. O melhor cenário para as grandes empresas é aceitar e trabalhar com as redes. Compartilhando conteúdo.”

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