sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Financiamento coletivo em jornalismo: nova alternativa frente ao “domínio econômico” dos grandes conglomerados


Postado As:  16:47  |  Em:  

Nelson Lima Neto

As formas de financiamento das mídias alternativas foram apontadas no segundo dia do Controversas, em mesa que contou com quatro palestrantes e mediação do professor Márcio Castilho/Foto: Bianca Rangel
Na busca de se adaptar frente às dificuldades para uma produção jornalística qualificada, as mídias alternativas apresentam engenharias financeiras que unem boas ideias ao interesse coletivo. Para explicar um pouco mais do trabalho feito por esses novos grupos midiáticos, o Controversas Mídias Alternativas formou a mesa Modelos para driblar a dependência do anunciante. Na bancada, Marina Amaral, coordenadora da Agência Pública, Carlos Juliano Barros, jornalista da ONG Repórter Brasil e a dupla do Catarse, Rodrigo Maia, responsável por Gestão e Estratégia, e Felipe Caruso, coordenador de Comunicação e Imprensa, debateram o tema no segundo dia do Controversas.

Rodrigo Maia explicou o crowdfuding: "um
meio de campo para conseguir financiadores"/
Foto: Bianca Rangel
Márcio Castilho, mediador e professor da UFF, não perdeu tempo ao anunciar a mesa. A dúvida de muitos estava sobre um ponto fundamental nesta forma de bancar as novas mídias: o crowdfuding, ou financiamento coletivo, em português. Rodrigo Maia, coordenador do Catarse, foi didático ao explicar o processo de financiamento.

“O crowdfuding requer uma explicação mais ampla. Mas, em grosso modo, nós aprovamos uma pauta, um projeto. Então vamos atrás de alguns setores e parceiros para ter o financiamento. Eles passam a possuir uma “porcentagem” naquele trabalho, se tornam viabilizadores. Existem os que apoiam pelo bem coletivo, por achar que a pauta pode resultar em algo bom para a sociedade. Outros preferem crédito no resultado final. Nós fazemos esse meio de campo para arrecadar e chegar a possíveis financiadores”, esclareceu.

Marina Amaral falou sobre função social do jornalismo e criticou grandes
empresas: "Não serve mais a quem deveria servir"/Foto: Bianca Rangel
Marina Amaral falou mais sobre o sentimento dos que trabalham nas novas “agências”. Com passagem de sucesso por grandes redações paulistas, Marina lembrou que o jornalismo é, antes de tudo, uma atividade com função social.

“Nós saímos em busca de um sonho profissional. Hoje, o grande jornalismo, que é feito pelos grandes jornais, abandonou por completo sua função social. Não serve mais a quem deveria servir. As empresas ficaram mais covardes. Saímos e por isso começamos a trabalhar com muitas dificuldades. Sempre será necessário um apoio externo, mas nós sempre vamos atrelar o jornalismo com ativismo”, declarou.

Felipe Caruso lembrou da parceria com a Agência
Pública: últimos trabalhos tiveram o apoio do Catarse/
Foto: Bianca Rangel
Felipe Caruso, também do Catarse, aproveitou para relembrar as parcerias que são feitas pelos “novos personagens” da mídia.

“Para dar um exemplo de crowdfunding, alguns dos últimos trabalhos feitos pela Agência Pública aconteceram por meio do Catarse. Eles nos enviaram o projeto e nós avaliamos. Daí, partimos atrás dos financiadores e apoiamos a ideia. Sempre que não for possível que um projeto seja feito com recursos próprios, nós surgimos com uma opção frente à escassez de recursos”, frisou.

Alternativa e especializada
Já Carlos Juliano Barros, jornalista do Repórter Brasil, apresentou uma visão mais segmentada do trabalho das mídias alternativas. Caju, como é conhecido no meio, lembrou que o diferencial da ONG, criada em 2001, está na definição, desde cedo, da sua abordagem. Focando grande parte de suas matérias em assuntos relacionados ao trabalho, o Repórter Brasil se tornou uma espécie de fiscalizadora das condições de trabalho pelo país.

Carlos Juliano Barros usou o exemplo da ONG Repórter
Brasil para citar o que acredita ser  o novo caminho
do jornalismo, o da parceria/Foto: Bianca Rangel
“Estamos mais voltados para monitorar o trabalho no Brasil. Somos conhecidos por produzir um conteúdo de qualidade nesse tema. Vou citar como exemplo a Cozan, uma companhia da Noruega, que buscava empresas para investir no Brasil. Sem conseguir estudos de qualidade, a empresa fez uma parceria com o Repórter Brasil para a produção de conteúdo atrelada a um retorno dos possíveis locais de investimentos. Isso mostra um novo caminho para o jornalismo. Um caminho de parcerias”, concluiu o jornalista, que ressaltou ainda o caráter colaborativo da produção jornalística da ONG.

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